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Economia

A infindável discussão sobre o estímulo do gasto público para o crescimento econômico

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Ilustração de Paul Samuelson e Milton Friedman debatendo sobre economia. Samuelson defende o gasto público para estimular o crescimento, enquanto Friedman argumenta contra a intervenção do Estado. Ao fundo, gráficos simbolizam inflação e estabilidade econômica.

Em sua obra mais famosa de 1948 e lançada no Brasil em 1952, Paul A. Samuelson, um Keynesiano que manteve suas convicções até o fim da vida, entende que o gasto público deve servir como promotor do desenvolvimento, pois o mercado é instável e produtor de ciclos de altas e baixas.

Samuelson acredita que o estado deve intervir na economia, estimulando-a. Contudo, de acordo com ele, em seu livro Introdução à Análise Econômica (1977, p 399): “Efeitos sobre a disciplina e a ideologia – Seria uma tragédia se as pessoas, desistindo de seus temores irracionais de gastos deficitários, fossem, assim, levadas a achar que o céu é o limite. O dispêndio ilimitado pode produzir inflação, caos e desperdício.” Diz ainda que “é de se esperar que a disciplina da racionalidade possa substituir a disciplina da superstição e da confusão. Depois que a doutrina antiquada de um orçamento equilibrado tiver perdido o seu poder de limitar o dispêndio público, a boa sociedade terá que substitui-la por um cálculo de custo e benefício.”

Traduzindo no popular: Samuelson entende os riscos do gasto público desenfreado, mas acredita na disciplina dos governantes para, sob medida, estimular o crescimento sem descambar em inflação, caos e desperdício. Será que é possível? Será que podemos contar com que os governantes não caiam na tentação do gasto além do limite a fim de se promoverem e manterem-se populares? Bem, se olharmos a história econômica do Brasil, a resposta é não. Em 1982 tenho na lembrança um cartaz de um torcedor do Brasil na copa do mundo que dizia: “nossa inflação é igual à nossa seleção, 100%. Um pouco mais adiante, antes da implantação do plano real o índice inflacionário chegou a 84% ao mês.

Do outro lado da corrente econômica temos economistas liberais como Milton Friedman, da escola de Chicago, que refuta completamente a convicção dos chamados desenvolvimentistas, de que o gasto público é a solução. Friedman questiona até a política do New Deal, de inspiração Keynesiana, implantada pelo governo Roosevelt de 1933 a 1937 para combater os efeitos da recessão iniciada na crise de 1929. Segundo o economista, a recessão não foi causada pela instabilidade inerente à economia privada, mas sim pela incompetência do governo, pois o Federal Reserve System tinha a responsabilidade pela política monetária, e, em 1930, de modo completamente equivocado, contraiu demasiadamente a liquidez, transformando uma contração moderada em uma grande catástrofe (Friedman – Capitalismo e Liberdade – Ed, Nova Cultural 1982).

Tendo em vista nosso passado econômico sou mais inclinado a Friedman, pois a tentação de nossos governantes, em sua maioria, sempre foi pelo “gasto é vida.” Quer se aprofundar mais? Recomendo os livros a seguir:

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4 Comentários

4 Comentários

  1. Thiago Emanuel

    12/02/2025 at 12:55

    Adorei o conteúdo, Luiz! E qual sua opinião sobre o investimento público em setores considerados chave, como o de Defesa e Infraestrutura? Seria uma forma interessante de utilizar recursos públicos para incentivar a indústria nacional, por exemplo?

    • Luiz Antonio Barbagallo

      12/02/2025 at 13:40

      Em setores estratégicos, e que o capital privado não tenha interesse entendo ser o estado necessário. Podemos também nesse caso utilizar as PPPs. Agora, estou lendo o livro da Mariana Mazzucato, e mesmo não concordando com seus argumentos, entendo que devo ler para entender como pensa o outro lado.

  2. Maristela Cordeiro

    12/02/2025 at 13:23

    Muito boa essa matéria Luiz. Gostei bastante.

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