Economia
Crédito Subsidiado: Quem Paga?
O crédito subsidiado, aquele com taxas de juros mais baixas, responde atualmente por 42% do estoque total de crédito no país. Em 2007 essa participação era de 34%

O presidente do Banco Central no ano de 2017, Ilan Goldfajn, alertava à época que “no Brasil todo mundo procura um privilégio, e se alguém consegue esse privilégio, alguém tem que pagar”.
Goldfajn comparou, na ocasião, o crédito subsidiado com a meia entrada (leia na seção Rock deste blog artigo sobre isso). Da mesma forma o fez recentemente o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto. Campos Neto afirmou que “crédito subsidiado é como meia entrada, se a gente vende muita meia entrada, a gente tem que cobrar mais da inteira”.
Temos hoje pouco mais do que o dobro do segundo país no mundo nesse tipo de crédito, que possui 20%.
Segundo Campos Neto, para haver mais potência monetária, é preciso um compulsório menor para ter mais crédito livre. Precisamos conviver com juros mais baixos, para que os agentes econômicos não dependam tanto dessas linhas de crédito subsidiadas.
As linhas de crédito direcionado são formadas por empréstimos para o setor imobiliário, para o produtor rural e linhas concedidas pelo BNDES ao setor de produção. Na quase totalidade são concedidas por bancos públicos.
Créditos concedidos com juros menores afetam a taxa Selic. Como disse Campos Neto, é como um tubo, “se um pedaço do tubo está imobilizado [crédito direcionado, com juro mais baixo], eu tenho que aumentar a pressão no outro [subindo mais a taxa total]. Quando você tem muito crédito subsidiado, a sua potência de influenciar com o juro diminui. Então tem que ter um juro mais alto do que você teria”.
Crédito subsidiado influencia a inflação.
O crédito mais barato, ao aumentar a demanda por bens e serviços sem aumentar a produção, pressiona os preços para cima. Ele eleva a demanda geral da economia.
Outro aspecto a ressaltar, é que aquele empresário que paga o crédito mais caro irá repassar os custos para os preços. Economia é uma ciência social, lida com relações e reações humanas, e qualquer alteração em uma variável pode afetar muitas outras.
Historicamente é comprovado que o melhor caminho para uma economia saudável é o mercado. Interferências de todo o tipo na economia tendem a provocar distorções que mais cedo ou mais tarde trarão consequências negativas.
Embora tenhamos as duas correntes na economia, uma pela intervenção e a outra pelo livre mercado, confrontando-se permanentemente na defesa de seus pontos de vista, é preciso olhar para o passado, e verificar o que de fato vale a pena. Na minha opinião, e por tudo o que já passamos no Brasil, o mercado é o caminho correto, mesmo que para os imediatistas não pareça.
