Educação
Custo Brasil – Nossa Sopa de Problemas
Mais do que burocracia e impostos: por que a educação é o ingrediente fundamental para desmontar o “Custo Brasil”
Estudo elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o ensino superior no Brasil, traz alguns dados que merecem reflexão sobre o futuro de nosso país. São eles:
- 24% dos jovens entre 18 e 24 anos não estão nem empregados e nem estudando. São os chamados Nem Nem;
- 25% dos jovens que ingressam no ensino superior abandonam os estudos logo após o 1º ano. A média entre os países da OCDE é de 13%;
- Pouco menos da metade, ou 49% concluem os estudos;
Se voltarmos para o ensino básico, as notícias também não são nada animadoras. Embora a média de estudo tenha subido de 9,1 anos em 2016 para 10,1 anos em 2024, 15,8% dos estudantes do 6º ano do ensino fundamental não tinham a idade condizente com o estágio em que estavam, e só 54,5% dos brasileiros acima de 25 anos tinham educação básica completa.
Ao procurar nos sites de busca, não faltarão estatísticas para nos deixar cada vez mais preocupados.
Desde meus tempos de faculdade, no final da década de 1970 e até hoje, sempre ouço a frase “custo Brasil”. É um termo amplo que envolve uma série de barreiras que impedem nosso país de deslanchar rumo a uma economia moderna e pujante. Um capitalismo de verdade, livre, desburocratizado, onde o ambiente de negócios é favorável ao empreendedor.
Vivemos entre soluços de crescimento, estagnação e algumas vezes, recessão econômica.
O custo Brasil é uma “sopa de problemas”, cujos ingredientes são questões estruturais, burocracia excessiva, um sistema tributário complexo, que agora com a reforma tributária espera-se que melhore. Além disso temos insegurança jurídica, insegurança também na acepção da palavra, ou seja, medo mesmo, pois ocorrem mais de 50.000 homicídios por ano, mais de 1 milhão de celulares roubados e recorde em crimes virtuais. Quanto se gasta no país com segurança nos transportes de mercadorias, em sistemas de segurança para empresas e residências? São custos com recursos físicos e com apólices de seguro, evidentemente.
A infraestrutura do país também é outro ponto que deixa muito a desejar. Estradas em péssimas condições, o que aumenta o custo do transporte. Portos que precisam ser ampliados e melhorados, energia elétrica e saneamento. A lista é enorme.
Voltando aos parágrafos iniciais, temos um dos ingredientes dessa sopa que eu particularmente acho dos mais críticos: a baixa qualificação da mão de obra. Para mim, esse é o principal, pois quando um país tem uma população bem formada e instruída, todos os outros problemas encontrarão pela frente seres humanos capacitados a resolvê-los, a reivindicar e propor soluções. Pessoas capacitadas, informadas e cientes de seu papel na sociedade não se dobram e não se contentam com soluções paliativas e populistas.
A boa formação técnica e intelectual de uma sociedade é fundamental para seu desenvolvimento. Podemos citar aqui diversos países pobres em recursos naturais, mas que são desenvolvidos devido ao alto grau de escolaridade de seus cidadãos.
A formação técnica é necessária para o aumento da produtividade. Nas poucas épocas de crescimento econômico robusto que tivemos ficou evidente a dificuldade dos empresários em recrutar trabalhadores. Chegamos ao ponto de não termos garçons qualificados para escrever uma simples comanda.
Já a formação intelectual, crítica, é outra deficiência grave que influencia nas escolhas do indivíduo. É comum para muitos ver mais valor no gasto com a compra de um automóvel do que investir em uma boa escola para os filhos. Isso se reflete no nível dos políticos que são eleitos. Como professor que sou, não me dou o direito de ser pessimista. Acredito que este país evoluirá para um outro patamar de cidadania e de consciência coletiva através do estudo. Com isso, os outros problemas dessa sopa serão solucionados.
