Economia
O Keynesianismo, o Monetarismo, e a Praxiologia da Escola Austríaca de Economia
Uma análise das três principais correntes do pensamento econômico e suas visões contrastantes sobre o papel do estado e a ação humana na economia
Para o cidadão comum, as diferenças entre as correntes econômicas pouco chamam atenção, mas os efeitos de cada uma na sua vida sim, sejam no curto, médio ou longo prazos. Vamos aqui falar, resumidamente, de cada uma delas.
Monetarismo
O ponto central da teoria monetarista é a oferta de dinheiro. Seu fundador, Milton Friedman, entendia que a política monetária é imprescindível para a saúde econômica dos países. Sua convicção foi tão grande que responsabilizou o Federal Reserve pela grande depressão de 1929. Segundo ele, o FED fez um aperto monetário desnecessário, quando deveria ter expandido a moeda.
A relação da oferta monetária com a inflação é direta para os monetaristas. Mais dinheiro, mais demanda e mais inflação, com impactos nas taxas de juros também. Menos dinheiro, menos demanda e com efeitos na oferta também.
Keynesianismo
Para John Maynard Keynes a correção dos rumos de uma economia passa pela intervenção direta do estado. O Neal Deal (Novo acordo) do presidente Roosevelt se baseou totalmente nessa corrente de pensamento. Os gastos do governo e a manipulação da demanda são a pedra fundamental da teoria. Embora os Keynesianos não desconsiderem as influências da oferta monetária na economia, entendem que ela leva muito tempo para o ajuste.
Escola austríaca
A Escola austríaca refuta tanto os Keynesianos quanto os monetaristas, pois em ambos o estado interfere, os Keynesianos um pouco mais, mas os monetaristas também, já que controlam o fluxo de dinheiro.
A escola austríaca é baseada na análise da ação humana, tirando suas conclusões através de considerações lógicas e dedutivas. Não recorre a dados estatísticos nem se baseia na experiência. Seus críticos dizem que ela não se submete a testes empíricos. Trata-se de uma crítica à sua “praxiologia”.
A teoria praxiológica enxerga o comportamento humano como sendo com propósito, ou consciente. Ela é contrária aqueles que acreditam que nosso comportamento é inconsciente e realizado por atos reflexos com respostas involuntárias dos nossos estímulos.
Ludwig Von Mises nos mostra que o ser humano quando está em uma situação ruim ou pouco confortável, age de forma racional para sair dela. Para refutar a ideia de Mises seria preciso encontrar falhas na trajetória do raciocínio.
Trazendo a praxiologia para o campo econômico, podemos exemplificar o desejo humano de obter as coisas de imediato. Quando abrimos mão desse imediatismo, queremos ser de alguma forma ressarcidos pelo sacrifício de adiar a satisfação no presente. Um país onde a maioria dos consumidores privilegiam o consumo imediato, deverá oferecer recompensas cada vez maiores para que eles adiem esse desejo.
Em uma economia onde a liberdade prevalece, a formação dos preços se dá através da alocação eficiente dos recursos, sem direcionamento do estado. Por exemplo, se um determinado produto é escasso e a procura por ele aumenta, seu preço irá subir. Imediatamente as empresas irão produzir mais bens para atender a demanda, o que fará com que ela aloque mais recursos na produção desses bens que estão valorizados pelos consumidores. Praxiologicamente falando, os consumidores e empresários buscam atingir seu objetivo, e a economia alocou eficientemente os recursos, sem intervenções monetaristas ou fiscais.
Vivemos períodos conturbados na economia, e o cidadão comum sente isso no dia a dia. Temos exemplos de países que diminuíram drasticamente a intervenção estatal no sistema econômico e estão obtendo resultados satisfatórios. Como toda mudança drástica exige, de início, sacrifício, será preciso muita vontade política para a mudança. Não vai ser fácil no Brasil.
