Rock
SQUONK – A música do Genesis Que Tem Algo a Nos Ensinar
Além das complexas melodias: como a lenda do Squonk e a história de Lizzie Velasquez nos ensinam sobre aceitação, superação e a busca pela felicidade autêntica
Músicas longas, letras difíceis, esse é o Rock progressivo. Muitos torcem o nariz para ele, mas eu, particularmente, sou fã incondicional.
Na década de 1970 fui a dois shows do gênero: Rick Wakeman em 1975 com sua Viagem ao Centro da Terra no ginásio da Portuguesa e o Gênesis em 1977 no ginásio do Ibirapuera. Os dois foram inesquecíveis, mas o tema aqui ficará no do Genesis, e uma música em particular: Squonk.
Éramos adolescentes, entendíamos pouco da língua inglesa, não havia internet, mas o legal era viajar naqueles sons incríveis deixando a imaginação fluir, mesmo sem entender nada.
Hoje tudo é acessível, tudo é mais fácil, mas o que determina o aprofundamento nas coisas e nos temas é a curiosidade e o interesse por cada assunto. Cultura inútil? Talvez para alguns, mas se pensarmos bem, toda cultura tem sua utilidade, pois sempre haverá um significado, um aproveitamento para nossa vida, por menor que possa parecer.
A música Squonk, tocada no show em 1977, fala de uma criatura mitológica do folclore americano que possui pele flácida, verrugas e pintas e vive nas florestas da Pensilvânia. É extremamente infeliz, chorando o tempo todo. Quando encurralada, se dissolve em lágrimas.
Na música esse encurralamento é metaforicamente a pressão social e emocional sobre o indivíduo. A sociedade ao rejeitar aquele que é diferente, o destrói.
Rejeição e pressão sobre aquele que é diferente são atitudes que provocam profunda tristeza, colocando o indivíduo em uma situação de vulnerabilidade, deixando latente a condição de sombras sobre a humanidade. Infelizmente essa é a realidade das sociedades que vivem neste planeta, mas, dá pra mudar. Como? Vamos lá…
Ao iniciar a música com a frase “Like Father like son (Tal pai tal filho) a banda indica que a tristeza passa de geração para geração.
Aqui vai a primeira dica de mudança: se você, por exemplo, é jovem e não nasceu em uma família feliz, quando for constituir a sua nova família (esposa, filhos) faça-a feliz a partir de você. Não carregue o fardo de tristezas que não são suas.
A questão da autoimagem é abordada no trecho sly one, he’s a shy one (astuto, ele é tímido), não tendo amigos para brincar. Aí é o ponto em que a sociedade rejeita o diferente, aquele que não se encaixa nos padrões.
E como reagimos a isso? Podemos nos inspirar no exemplo de pessoas que viveram e vivem isso com uma profundidade dolorida, mas deram a volta por cima. Lizzie Velasquez ficou conhecida como “a mulher mais feia do mundo”. Com uma doença genética que não permite a acumulação de gordura corporal, ela tem menos de 30 KG, é cega de um olho e tem o sistema imunológico extremamente frágil. Sofreu ataques de bullying que a levaram a intensa depressão.
A volta por cima foi utilizar a grande visibilidade que sua condição ofereceu para começar uma campanha contra o cyberbulling no mundo todo. A beleza dessa atitude tornou Lizzie linda demais.
A música também aborda as pressões e expectativas sociais. No trecho que diz “the bubble will burst before our eyes” (a bolha vai estourar diante dos nossos olhos) mostra o colapso que pode ocorrer com a pessoa quando ela tende atingir coisas efêmeras que aparentemente irão levá-la à felicidade. Aí temos que entender que a felicidade tem diferentes caminhos que não são necessariamente aqueles que a sociedade quer nos enfiar goela abaixo.
Música: Squonk
Álbum: A Trick of the Tail – Genesis Foto: Lizzie Velazquez


