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Economia

Os Primeiros Economistas Utilitaristas e o Sistema de Consórcios

O prazer antecipado: como a filosofia de economistas utilitaristas do século XIX ajuda a entender o poder de planejamento do consórcio

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Uma imagem conceitual em estilo de colagem que une o passado e o presente. À esquerda, em tons de sépia, um economista do século XIX, como Jevons ou Bentham, está sentado em sua escrivaninha, escrevendo em um livro antigo. Do livro, emana uma ponte de luz translúcida que atravessa a imagem e se conecta ao lado direito, que é moderno e em cores vibrantes. Neste lado, uma família brasileira sorri em frente a uma casa nova e um carro, simbolizando a realização de um sonho. A ponte de luz representa a teoria do "sentimento antecipado" e o planejamento, conectando a ideia filosófica à conquista material viabilizada pelo consórcio. O estilo é uma montagem artística que mescla o vintage com o fotorrealismo moderno. Alta resolução, proporção 16:9

O consórcio está praticamente em toda a economia. Seja nas atividades da indústria, comércio, serviços ou agropecuária, sempre encontraremos alguma conexão com esse sistema de autofinanciamento genuinamente brasileiro. Tão genuíno e brasileiro que muitos estrangeiros às vezes têm dificuldades em entender a lógica do Sistema, pois é um produto que se encaixou perfeitamente no estilo de consumo das pessoas no país.

Sim, povos e nações têm características diversas, e no nosso caso não é diferente.  Justamente por isso, economistas de várias correntes contestam o universalismo do pensamento econômico, pois entendem que devemos considerar diferenças culturais e de poder, que fazem com que os princípios econômicos variem de acordo com a sociedade e a cultura local.

Como economista da ABAC – Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, vivo o produto consórcio diariamente. Seja na observação diária dos acontecimentos, nas notícias ou nas obras econômicas que fazem parte das minhas leituras.

Recentemente, lendo “A Teoria da Economia Política” de William Stanley Jevons, um dos fundadores da Economia Neoclássica e formulador da teoria da utilidade marginal, que explica como os consumidores tomam suas decisões de compras de bens e serviços, me chamou atenção um trecho em que ele menciona Jeremy Bentham, que foi considerado o difusor da teoria utilitarista. O parágrafo em questão tem um subtítulo chamado “Sentimento Antecipado”.

A proposta deste pequeno artigo é estabelecer uma relação com as teorias desses dois fundadores do pensamento econômico utilitarista e o consórcio.

Ao citar Bentham, Jevons afirma que “um dos principais elementos na estimativa da força de um prazer ou de um sofrimento é sua proximidade ou longinquidade”. Ainda afirma que “é certo que grande parte daquilo que vivenciamos na vida não depende de circunstâncias reais do momento, mas da antecipação de eventos futuros”.

Por adiantar ou antecipar o prazer devemos entender que o prazer iniciado foi consumado, ou seja, o indivíduo já vivencia uma parte dele  que irá sentir posteriormente. Antecipar prazer é uma forma de que ele já foi consumado. A longinquidade é a duração do prazer.

Jevons diz que o homem nunca está feliz, mas está para ser feliz, o que é uma descrição correta de nosso estado de espírito. A intensidade do sentimento antecipado no presente deve ser “uma função do real sentimento do futuro e do intervalo de tempo, e deve crescer à medida que nos aproximamos do momento da realização”. De forma inversa, a intensidade deve ser mais lenta quanto mais distante estamos do momento da realização do desejo.

Continuando, Jevons afirma que a capacidade de antecipação do prazer tem certamente grande influência na economia, pois é baseada nela a acumulação de bens a serem consumidos no futuro. Na linguagem da época (século XIX), o autor diz que o “selvagem, ingênuo como a criança, se ocupa inteiramente com os prazeres e dificuldades do momento”, notando vagamente o dia seguinte, tendo um horizonte de apenas alguns dias. Já, em um estágio de civilização mais avançada, o incentivo principal à produção e à poupança, é o sentimento vago, mas poderoso, no futuro.

Concluindo o raciocínio, Jevons diz com segurança que feliz é o homem que, mesmo de baixa condição e posses limitadas, sempre pode aspirar a mais do que tem e sentir que cada momento de trabalho tende à realização de suas aspirações futuras, e aquele que ao contrário procura o prazer no momento presente, sem considerar o futuro, descobrirá cedo ou tarde que sua cota de prazer está à mingua e lhe faltará até mesmo esperança.

Nas minhas reflexões e conexões, não poderia haver teoria mais próxima com o produto consórcio, em cujo mecanismo e filosofia está o planejamento, o pensar no futuro e o adiamento do consumo imediato, proporcionando uma vida economicamente equilibrada, segura e com mais qualidade. 

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