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Os Princípios da Escola de Economia Austríaca e a Economia Chinesa

O brilho e as sombras do milagre chinês sob a ótica da Escola Austríaca: como a intervenção estatal excessiva pode gerar crises e destruir capital

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Uma imagem conceitual dramática dividida ou integrada. Em primeiro plano, uma mão gigante e metálica, representando o Estado, manipula cordas que sustentam arranha-céus futuristas e brilhantes (representando a economia chinesa). No entanto, as bases desses prédios estão rachadas e se desfazendo em areia, revelando fragilidade. Ao fundo, um cenário de "cidades fantasmas" com prédios inacabados sendo demolidos. Uma balança antiga (símbolo de equilíbrio econômico natural) pende para o lado, quebrada pela mão metálica. A iluminação é de crepúsculo, com tons de vermelho (China) e cinza (concreto/crise). Estilo de arte digital realista e impactante. Alta resolução, proporção 16:9 (820x468).

As reformas econômicas iniciadas na década de 1970 fizeram com que a China começasse a ganhar destaque no cenário mundial, mas foi a partir dos anos 2000 que o país começou a surgir como a nova potência.

Com seu capitalismo de estado o governo chinês passou a incentivar a livre iniciativa, porém sempre com o controle central em todas as áreas. Foi como se elevassem o nível de uma política econômica Keynesiana à milésima potência. Para a felicidade dos intervencionistas de plantão ela se transformou no exemplo a ser seguido. São muitos os documentários que assistimos sobre o espantoso sucesso do país, mas, examinando com um pouco mais de profundidade, e à luz da economia libertária, será que a China é esse paraíso econômico?

Antes de responder, faço aqui um resumo do que é a economia libertária, mais especificamente a Escola Austríaca.

Os fundamentos da escola de Economia Austríaca são a ação humana individual e o mercado livre e espontâneo. Para ela, as pessoas não necessitam de um planejamento centralizado pelo governo e nem de sua intervenção, pois a alocação eficiente dos recursos econômicos só pode ocorrer via mercado e sistema de preços.

Listo aqui 7 princípios basilares dessa escola:

1º O individualismo: as escolhas econômicas individuais são determinantes para a tomada de decisões, e não as escolhas de grupos;

2º Propósito da ação: os indivíduos, ao buscar seus objetivos, tomam ações econômicas intencionais;

3º Valor: as preferências das pessoas é que determinam o valor dos bens e serviços;

4º Organização espontânea: as interações entre as pessoas surgem naturalmente no mercado, com cada um procurando satisfazer seus objetivos;

5º Praxeologia: a ação humana é baseada na ideia de que os seres humanos agem de forma proposital e racional;

6º O capital é heterogêneo: não há a possibilidade de intercâmbio entre diferentes bens de capital (como chaves de fenda ou televisores). Ao escolher a produção errada, ocorre o desperdício econômico;

7º Zero intervenção: a escola austríaca é totalmente contrária à intervenção governamental na economia, pois excessos na regulamentação e manipulação da moeda prejudicam a eficiência no mercado.

Para mim todos esses princípios são importantes, e encontramos fartos exemplos de que, quando não levados em conta, tornam a economia frágil e desorganizada, porém, destaco, para o raciocínio aplicado a esse texto, o sexto e o sétimo.

Recentemente li um artigo no site do Instituto Mises Brasil, escrito pelo economista e professor de Empreendedorismo e Livre Iniciativa na Escola de Empreendedorismo da Oklahoma State University, Per Bylund, sobre o mercado imobiliário chinês, no qual ele mostra que a segunda maior incorporadora daquele país está à beira do colapso.

Concentrada principalmente no mercado de apartamentos para a classe média e alta média, se aproveitou de juros artificialmente baixos, fixados pelo governo, o que fez com que dezenas de milhares de chineses se endividassem para adquirir seus imóveis. Lembrando que a posse de um imóvel é fundamental na cultura chinesa.

Após algum tempo os compradores passaram a não honrar suas dívidas e dar calotes, e o mercado desabou. Consequentemente, os prédios construídos pela empresa desabaram em valor de mercado, ao mesmo tempo em que os custos de construção aumentaram, devido à grande demanda por materiais de construção.

No artigo, Per Bylund relata que: “no total, a incorporadora chinesa tem uma dívida superior a US$ 300 bilhões, sendo uma das empresas mais endividadas do mundo.”

Em caso de calote generalizado, o sistema bancário chinês estará em sério risco. Os grandes bancos chineses já foram alertados de que a incorporadora não irá conseguir rolar suas dívidas.

O artigo cita um vídeo nas redes sociais onde 15 prédios residenciais foram demolidos, pois estavam inacabados e vazios, seus custos de construção ficaram maiores do que as prováveis receitas de venda.

Esse é um exemplo de como a intervenção na economia, através de manipulação de taxas de juros, por exemplo, pode levar um sistema todo ao colapso.

Mas não é só esse exemplo que temos na economia chinesa. São inúmeros os casos de alocação ineficiente e artificial de recursos pelo governo chinês para incentivar a produção de produtos que muitas vezes o mercado não absorve.

O retorno satisfatório dos projetos é como um imã que atrai os investimentos propiciando a correta alocação dos recursos, sem esse retorno, não há atração de capital. Quando o investimento é dirigido e centralizado, atendendo a interesses políticos e de burocratas, o desperdício pela má alocação de recursos aparece.

Destruição de capital, desperdício de recursos e não geração de renda e riqueza são indicativos de que muito milagres econômicos são falsos como arranha céus construídos sobre alicerces frágeis.

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