Educação
A Cartilha Caminho Suave
Do “B de Bola” à crise atual: o legado da Caminho Suave e a reflexão sobre os rumos da alfabetização no Brasil
Imprescindível para o ensino básico desde 1948, a cartilha Caminho Suave, de Branca Alves de Lima, foi responsável pela alfabetização de mais de 40 milhões de brasileiros.
Ao associar imagens e letras, bola para B, ou T para trem, a obra fez com que esse método simples se tornasse fundamental para o aprendizado de milhões. Em 1996 foi excluída do Programa Nacional do Livro Didático s substituída por “abordagens mais modernas”.
Aqueles milhões de brasileiros que foram alfabetizados por esse método simples, acessível e com foco no visual e na repetição, agradecem a contribuição da Caminho Suave, e eu, fui um deles. A cartilha, sem dúvida, foi um instrumento de apoio aos professores, que utilizavam também outros materiais complementares.
Seus pontos positivos são o aprendizado sistemático, ela desenvolve a coordenação motora, e há também materiais que abordam atividades de interpretação de texto e gramática em volumes posteriores, oferecendo um conjunto completo de atividades de língua portuguesa.
Os críticos, com sua teoria construtivista, argumentam que seu foco está em “como ler”, e não explora o prazer da leitura, não preparando a criança para a cultura da escrita em diferentes contextos.
Não sou especialista no assunto, mas pergunto: melhorou a alfabetização no país? O abandono dessa cartilha, desse método, foi bom para nossas crianças?
Entendo que o prazer de ler vem de fatores como o incentivo e a criatividade dos professores para com seus alunos. A cartilha é o início de tudo, mas há, como mencionei, outros materiais complementares
As estatísticas mostram que 40% dos jovens em idade escolar têm alfabetização deficiente. Muitos não conseguem ler e interpretar textos simples, e isso é o que chamamos de analfabetismo funcional. O Brasil ocupa, no ranking global de 81 países, o 53º lugar em leitura, 61º em matemática e 61º em ciências.
Esses números acabam se refletindo na produtividade do país. Observamos alunos em cursos de nível superior com dificuldades imensas na escrita e interpretação de textos.
Não sou contra a evolução em todas as áreas, mas determinadas coisas que deram certo eu entendo que devem ser preservadas. Branca Alves de Lima, na minha opinião, merece um lugar de destaque na educação brasileira. Fez mais pela alfabetização do país do que muitos outros badalados “educadores”.
