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Adam Smith, O Livre Mercado e as Tarifas de Donald Trump

Tarifas de Trump desafiam a ‘mão invisível’ de Adam Smith.

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Ilustração conceitual de uma 'mão invisível' luminosa guiando um mercado global com navios, moedas e produtos (roupas, sapatos, ferramentas), em tons de azul e dourado. Ao fundo, uma barreira de tarifas é imposta por uma figura abstrata de governante, contrastando com o livre comércio. Um livro aberto intitulado 'A Mão Invisível' aparece em um canto, simbolizando as ideias de Adam Smith

No século XVIII Adam Smith brindou o mundo com suas ideias sobre o livre mercado. A famosa mão invisível propagada por Smith, que defende que o mercado se regula automaticamente, sem nenhuma intervenção do estado, nunca esteve tão atual.

As tarifas sobre importações de produtos, que Donald Trump está impondo no início de seu governo, são a prova cabal de que, após três séculos, muitos governantes não aprenderam nada com as ideias do filósofo e economista escocês.

O trecho a seguir é uma pequena parte da obra do economista, e nunca esteve tão atual. Ao se referir ao comércio exterior e a relação entre os países, Adam Smith diz:

“Conceder o monopólio do mercado interno ao produto da indústria doméstica, em qualquer ofício ou manufatura específicos, significa em certa medida orientar as pessoas privadas sobre como devem empregar seus capitais, e deve, em quase todos os casos, se constituir numa regulamentação inútil ou prejudicial. Se o produto nacional pode ser comprado aqui tão barato quanto o da indústria estrangeira, a regulamentação é evidentemente inútil. Se não pode, ela deverá geralmente ser prejudicial. Todo chefe de família prudente tem como máxima nunca tentar fazer em casa o que lhe custará mais caro fazer do que comprar. O alfaiate não tenta fazer seus próprios sapatos, mas o compra do sapateiro. O sapateiro não tenta fazer suas próprias roupas, mas usa um alfaiate.

O que é prudência no comportamento de cada família privada dificilmente será leviandade no comportamento de um grande reino. Se um país estrangeiro pode nos suprir com uma mercadoria mais barata do que somos capazes de produzi-la, é melhor comprá-la deles usando alguma parte de nossa própria indústria, empregada de um modo no qual tenhamos certa vantagem. A indústria de nosso país em geral, sendo sempre proporcional ao capital que a emprega, não diminuirá com isso, não mais do que a dos acima mencionados artífices; mas apenas se deixa que ela encontre o caminho no qual possa ser empregada com a maior vantagem possível.”

Aumentar tarifas para proteger a indústria de um país pode, momentaneamente, beneficiar certos setores da economia, mas de forma imediata, pois ao longo do tempo trará efeitos prejudiciais. Há diversos danos que não observamos imediatamente. Um deles é a diminuição da produtividade, pois sem competição há um acomodamento das empresas que investem menos nas inovações, e são elas que tornam os produtos melhores para os consumidores.

Na esteira da falta de inovação, passamos para uma realidade de preços mais altos em virtude dos custos advindos de determinados insumos de produção importados ou fabricados aqui com pouca eficiência e mais caros.

O estímulo artificial leva a uma alocação ineficiente dos recursos, o que torna a economia do país frágil ficando à mercê de choques da economia internacional.

A retaliação por parte dos países prejudicados, que também aumentarão suas tarifas, provoca guerras comerciais em que todos saem perdendo, pois o fluxo do comércio mundial diminui, freando a economia e o desenvolvimento, com todos os reflexos nos empregos e na qualidade de vida.

Em resumo, aumentar tarifas não é nem nunca foi uma boa ideia. O livre comércio é a melhor maneira de alocar eficientemente os recursos. Quer saber mais sobre as ideias de Adam Smith? O livro “A mão invisível” é um pequeno resumo de sua obra, e em poucas páginas é possível entender o que pensava o economista.

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