Economia
As Seis Lições de Ludwig Von Mises para o Brasil
Mises ensina lições para o desenvolvimento do Brasil

Defensor da liberdade econômica e consequentemente da liberdade individual, uma vez que uma não pode existir sem a outra, Ludwig Von Mises, judeu de nacionalidade austríaca, mudou-se para os Estados Unidos devido às perseguições durante a segunda grande guerra mundial. Faleceu em 1973.
Suas posições epistemológicas, como a própria definição do termo explica, identificando de que maneira o conhecimento é adquirido e como justificamos o que acreditamos, mostrando os critérios que são utilizados para afirmar que algo é verdadeiro ou falso, foram fundamentais para a ciência econômica.
A chamada Escola Austríaca de economia, fundada por Carl Menger no final do século XIX, é o centro das convicções de Mises.
Em 1959, por ocasião de palestras ministradas na Universidade de Buenos Aires, Mises discutiu o Capitalismo, o Socialismo, o Intervencionismo, a Inflação, o Investimento Estrangeiro e Política e ideias. Esses seis temas deram origem ao livro “As seis lições”. Vou aqui analisar como cada uma delas se aplica à realidade do país e como podem nos ajudar a melhorar as condições de vida da população no Brasil.
Lição 1 – O Capitalismo
O economista explica que o sistema capitalista teve origem na Holanda e na Inglaterra. No século XVIII a população desses países vivia em níveis elevados de pobreza, e o que era produzido por algumas indústrias estava basicamente voltado a atender as necessidades dos mais ricos, pois a população não tinha condições de adquiri-los. Os quase 35% da população miserável daquela época, algo em torno de 2 milhões de pessoas, começaram a se organizar para produzir produtos baratos e acessíveis para eles. Estava inaugurado o processo de produção em massa, com acumulação de capital, que é fundamental no sistema e que gera riqueza e trabalho.
Sem capital não há desenvolvimento. Outro ponto fundamental é que produtores e trabalhadores são ao mesmo tempo consumidores, num sistema de cooperação mutua, e quem manda é o cliente, portanto, melhores produtos com preços mais baixos, conquistarão os clientes. A alma do capitalismo é a competição.
Lição para o Brasil: a acumulação de capital tem que ser vista com bons olhos, pois é ela que gera riqueza, prosperidade, empregos e qualidade de vida. Os países que tem elevado nível de poupança e capital tem empregos de melhor qualidade e nível de vida melhor. Como dizia Roberto Campos, o Brasil tem uma cultura antiempresarial. É preciso deixar de lado ideologias atrasadas que travam nosso desenvolvimento.
Lição 2 – O Socialismo
Pode-se criticar algumas falhas do sistema capitalista, mas ele é o sistema que permitiu a diminuição da pobreza no mundo. Uma pessoa pobre hoje vive melhor do que um nobre dos séculos passados. O padrão de vida da humanidade melhorou dezenas de vezes com o capitalismo e os números provam. Porém, isso só ocorreu porque há a liberdade no sistema, e sem liberdade econômica não há liberdade individual. O que seria das liberdades individuais se os meios de comunicação estivessem todos na mão do governo, por exemplo. Liberdade de investir, com o cálculo econômico determinando se o negócio é viável ou não. Liberdade de errar, de ascender socialmente, pois o sistema capitalista permite a mobilidade de classes sociais. Essas coisas não são possíveis em um sistema socialista, onde uma classe de ungidos que se acha superior quer dirigir os destinos dos cidadãos. A história mostra que sem o sistema de preços não há incentivo para a produção. Por isso o socialismo não deu e não dará certo.
Lição para o Brasil: embora não sejamos um país socialista, convicções dirigistas estão no ideário de muitos governantes e políticos em nosso país, e isso acaba por influenciar a adoção de muitas medidas que atrapalham nosso capitalismo e seu desenvolvimento.
Lição 3 – O intervencionismo
Mises entende que a função do estado é garantir segurança e respeito às leis. Não mais do que isso. Como exemplifica Friedrich Hayek, discípulo de Mises, é como uma lei de trânsito, onde cabe ao poder público determinar a mão de uma via para evitar acidentes, nada além disso. Porém, a decisão de qual destino seguir cabe a cada motorista que passa por essa via, e não ao governo.
Lição para o Brasil: protecionismo para alguns setores, tabelamentos e outras tantas intervenções que já foram adotadas por diversos governos, só prejudicam o consumidor brasileiro e minam a eficiência do sistema econômico. Só precisamos de segurança e leis que funcionem, nada mais.
Lição 4 – A inflação
Se há vários consumidores em uma feira, interessados em comprar laranjas, e só houver apenas uma barraca dessa fruta, o preço tende a aumentar. Ao contrário, se houver muitas barracas, a oferta do produto será maior e o preço tende a cair. Ocorre o mesmo com o dinheiro, pois com muito dinheiro disponível, via emissão ou criação de moeda, haverá aumento de preços, pois a oferta de bens não acompanha os recursos disponíveis. O governo é o único gerador de inflação.
Lição para o Brasil: problema crônico no país, o gasto público já ultrapassou há muito tempo o limite do tolerável, obrigando o Banco Central a manter os juros em níveis elevados. Só profundas e corajosas reformas estruturais e redução de gastos irão nos tirar desta situação.
Lição 5 – O investimento estrangeiro
O investimento estrangeiro é o atalho mais rápido para conseguir o capital necessário para o desenvolvimento. Como visto na primeira lição, sem capital não há crescimento, e na falta de capital do próprio país, podemos nos apoiar no capital externo para suprir essa deficiência.
Lição para o Brasil: é preciso não dificultar o investimento externo com excesso de regulamentações, insegurança jurídica, insegurança econômica com fundamentos ruins e baixo retorno econômico que só afugentam o investidor.
Lição 6 – Política e ideias
A democracia é um bem maior. Pressões vindas dos mais diversos grupos econômicos para proteger seus interesses só prejudicam o bom ambiente de negócios. Intervencionismo, inflação e protecionismo são típicas más ideias, que devem ser substituídas pelas boas e iluminadas ideias.
Lição para o Brasil: a própria descrição da lição 6 já diz tudo para nosso país.
