Economia
Maior Conhecimento do Consórcio Permite Diferentes Estratégias
Com crédito liberado, consorciado contemplado tira proveito ao planejar compra do bem ou contratação do serviço

Cada produto financeiro tem suas peculiaridades, e cabe ao consumidor, antes de fazer a contratação, conhecer e analisar aquele que mais se adequa à sua necessidade. Evidentemente, quanto maior o conhecimento, melhor proveito será possível obter de cada um.
Em épocas de juros altos, como atualmente, quando as taxas anuais para aplicações oferecem ganhos reais acima de 9%, esperar algum tempo para concretizar a compra do bem ou a contratação de um serviço pelo consórcio pode proporcionar ganho ao consorciado.
“No Sistema de Consórcios, o entendimento e o funcionamento do mecanismo são de suma importância”, frisa Luiz Antonio Barbagallo, economista da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Ao exemplificar, reforça que, quando da contemplação, “é relevante que o consorciado atente ao melhor período para fazer uso do crédito autorizado”.
Barbagallo complementa que “inserida nas normas do Banco Central do Brasil em vigor para o Sistema de Consórcios, os recursos liberados e não utilizados devem obrigatoriamente ser investidos com segurança e boa rentabilidade, e, a depender da época e do percentual de reajuste do bem ou serviço, pode-se planejar a data do resgate com os rendimentos, e efetuar a compra com vantagem financeira.”
Todavia, alerta para que “a espera deva ser bem planejada, evitando o risco de a correção do valor do bem ser maior do que o ganho financeiro”. E completa, “tudo irá depender do tempo e da estratégia estabelecida”.
Outro exemplo de que o conhecimento das características do produto é fundamental, pode ser observado para aqueles que aderem ao consórcio como investidores ou com o objetivo de investimento, pois é preciso considerar mais alguns fatores, especialmente em imóveis. “A flexibilidade da modalidade transforma-se em vantagem financeira, um diferencial bastante positivo”, destaca o economista Barbagallo.
Para esclarecer, detalha que, “um investidor, com objetivo inicial de aplicar em uma casa ou apartamento para alugar, pode, por ocasião da contemplação, aproveitar uma oportunidade de aquisição de, por exemplo, um terreno onde poderia construir algumas residências para revenda ou locação. Aliás, isso só é possível em virtude de ambos, terrenos e imóveis, estarem no mesmo segmento estabelecido pelas regras vigentes, onde a troca é permitida”.
Enquanto o brasileiro deseja realizar o sonho da casa própria aderindo a uma cota de imóvel de R$ 1.000.000,00, o investidor, com perfil diverso, foca em aspectos financeiros e comerciais. “Em se tratando de aluguel de imóveis pequenos, sugere-se o fracionamento daquele total em quatro adesões de R$ 250 mil”, sugere Barbagallo. “Para esta situação, as quatro adesões são mais recomendáveis, visto ampliar as chances de contemplação. Consequentemente, o aluguel gerado por um imóvel adquirido, a partir de uma das cartas contempladas, contribui para o pagamento das parcelas dos planos contratados”, complementa.
Para o autônomo, que trabalha com seu carro ou motocicleta em serviços de aplicativos, por exemplo, a substituição do veículo pode ser programada considerando principalmente o tempo de uso. “Como participante de um grupo de consórcio, ao estimar que durante certo período o automóvel ainda em bom estado não lhe trará grandes despesas de manutenção e atenderá suas necessidades, poderá programar a renovação para uma data futura e oferecer lance visando, caso vencedor, a troca por um modelo mais novo”, diz o economista.
Outra situação semelhante se aplica aos mutuários que tenham financiamentos habitacionais e desejem abreviar o tempo de pagamento das parcelas com redução de custos. Neste caso, a opção pelo consórcio pode ser a alternativa. Barbagallo adianta que “um consorciado de imóvel contemplado e de posse da carta de crédito, pode quitar a dívida do financiamento, não mais pagar juros e saldar as parcelas de sua cota de consórcio em menor prazo, diminuindo também o desembolso final.”
Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, sintetiza as oportunidades afirmando que “o consórcio pode alavancar o patrimônio pessoal ou empresarial, bastando ao consumidor conhecer as características e peculiaridades do produto, relacioná-las com suas atividades, orçamento e objetivos para extrair dele o melhor proveito.”
